sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O tempo vai passando (...)

To abandonando isso rs..
Mais é por que ando sem ideias, sem animo..
E semana que vem totalmente sem tempo.
O texto que eu encontrei pra postar,diz muito sobre a relação nossa com o tempo, com a vida e com nossos sonhos mais simples..
Enfim, adivinha aonde achei esse texto??
Em um  blog de trechos,poesias,textos do Caio Fernando Abreu.
Essa cara me inspira... fato!
Então é isso..me identifiquei demais!!
;*


Apenas, quem sabe, porque não havia fadiga lá. Aquela fadiga que se insinua, persistente, entre o ruído das buzinas e das descargas abertas nos engarrafamentos de trânsito, todo dia. Ou essa, de atravessar mais uma vez qualquer avenida às seis da tarde para, de repente, olhar a multidão também fatigada e perguntar: mas que cidade, afinal, é esta. E que vida? A quase amável, paciente fadiga de contemplar o grande relógio das repartições e escritórios, quase imóvel na sua lentidão, a partir das cinco e a caminho das seis da tarde. Para nos despejar, novamente, nas ruas entupidas de fumaça e desejos bandidos nas esquinas, dentro de carros apertados entre outros carros ou de ônibus apinhados – até o interior dos apartamentos, com seus fantasmas emboscados, uns mortos, outros vivos. E então o acúmulo de contas atrasadas, telefonemas ansiosos, telenovelas chatas, quem sabe algum plano, certas fantasias. Outra cidade, outro país, outro planeta, outra vida que não esta – uma memória de flores no cabelo e pés descalços, pouco antes do ruído do despertador e o do meu/teu/dele/nosso coração serem os únicos audíveis dentro da escuridão onde afundamos na lama de nossos sonhos mortos.

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